quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ode ao tempo




A menina queria cantar ao tempo uma ode bem suave, poética, doce e serena. Cheia de encantos e expectativas. Quem sabe ele não retribua com resposta mais doce e amena, cheia de consolo e carinhos, que não se preocupe em punir, mas que seja construtiva?

É que a certa altura da vida, a gente necessita menos de inimigos e mais de aliados. Precisa aprender com os deslizes mais que amargar com os castigos, tem mais sede de amparo e proteção pra alcançar a maturidade...

E ele passa destemido, impiedoso, despreocupado, misterioso, sorrateiro e paulatino. Como se estivesse testando a gente, como se não se importasse com a ode da menina ou simplesmente desconhecesse o conteúdo daqueles versos singelos e preocupados, com rimas de aflição e esperança.

Versos simples, verdadeiros, rabiscados em folha de papel e guardados no fundo do peito, para serem declamados em sua homenagem como se fosse um mantra.

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domingo, 12 de abril de 2009

Celebração



Ele não estava mais lá, restou o vazio. E desse vazio a alegria que atravessa gerações...

Por causa disso, dores e alegrias adquiriram sentido e a vitória é certa.

Passagem, libertação, vida nova, ressurreição. A morte não pode nos vencer. Celebremos!

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Entre correntes




Levaram-no acorrentado, frágil, indefeso. No momento em que tudo parecia desmoronar e esvaziar-se de sentido. Foi o abre-alas da dor e da solidão.

Suas palavras não serviam de defesa e não podia levantar a voz... seus passos apressados não sabiam onde o levavam e também não poderia fugir.... Pagava o preço de sua inocência.

Como pode tanta injustiça? Por que não reage?

A menina sabe que não foram as correntes que o mantiveram na prisão.
Foi por amor.
Amor absurdo, amor infinito.

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domingo, 5 de abril de 2009

Que é ela?



A menina é o amor que sente por sua mãe, o sonho de um dia ser mulher, o medo de não se realizar, o medo da solidão, a vontade de aprender e desafiar. Ela é a paixão pela poesia, seja em verso ou em cor, o encanto pelo sol poente e pelo que se lê nos olhos das pessoas...

Hoje a menina é a saudade que sente de quando era criança e tudo lhe parecia fácil e feliz, a saudade de descobrir o Ideal pelo qual vale a pena viver e a saudade do peito em que reclinava a cabeça a receber afagos. Ela é a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, de não ter podido fugir. É tudo aquilo que foi amputado no passado, a emoção de verso simples, a necessidade de amar que lhe arrancou lágrimas, é o que chora e é todo o pranto que não consegue sair.

E bem mais que isso, a menina é o sonho de fraternidade, a certeza de que o amor faz milagres e de que a luta pela justiça valerá a pena. É um desejo de ser amada e mais ainda de amar, é a vontade de driblar a dor e ser feliz.

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