A menina está cansada de terem tudo como normal.
As pessoas não percebem que já passamos dos limites da normalidade, que as coisas não vão bem?? É preferível acreditar que atravessamos a crise do bom-senso, que ela logo chegará ao fim...
Aquela senhora acordou cedo para trabalhar e encontrou, na porta de casa, um jovem morto a pedradas. Tamanho susto, tamanho medo, tamanha indignação... Mas seu chefe disse para ir tranqüila, porque isso é normal. Na parada de ônibus também acharam normal e tentaram lhe arrancar detalhes do “normalíssimo” quadro cor de sangue... tantos apreciaram, estatelada no chão, a trágica “obra de arte”.
Aquelas lágrimas e o tremor da voz, ao narrar o encontro com a morte, denúncia mais que absurda. No entanto, queriam lhe fazer crer que se tratava unicamente de um susto, afinal ela nem viu a cena e ignorava o motivo real de tal incidente. Os bem informados sabem direitinho que em Valparaíso a coisa é pior, porque lá matam à qualquer hora, na frente de qualquer um. Sem contar as chacinas no Rio, das quais aquele lamentável ocorrido não passa nem perto.
Não, minha gente. A violência não é normal.
Ela precisa ser extirpada do nosso meio, com esforço pacífico e eficaz, dignamente... E extirpar a violência significa aliar-se à educação – a do colégio e a que vem de casa (que gostamos de chamar “boas maneiras”); é acreditar nos pequenos gestos e investir fundo neles; é não ter vergonha de ser honesto; não medo de emitir a opinião; ter coragem de reivindicar os seus direitos; é não duvidar do próprio potencial, não abrir mão da própria dignidade....
Temos que acreditar que para toda situação, qualquer que seja, existirá uma solução pacífica. É preciso associar-se àqueles que desejam esse fim, tornando irrelevantes as diferenças que possam existir entre ambos.
No combate à violência é fundamental não perder a sensibilidade. Foi essa a contribuição daquela senhora, mas muitas outras podem ser dadas. Talvez falte justamente a sua.
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