quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mudança


(Foto de Alessandra Zatt)

A Menina precisa mudar constantemente e isso é tão importante para ela como uma prova de amor a quem está enamorado. Mudar seu modo de pensar e agir, sua visão de mundo e das pessoas, mudar sua mentalidade e quem sabe até mudar os ambientes, as pessoas com quem convive, suas tarefas... Mudar.

E, por que mudar? É a pergunta que faz a si mesma a cada novo passo.

Talvez a gente mude tantas coisas na nossa vida quando está em busca de algo que seja cada vez melhor, e para nos satisfazer sempre mais. Com a Menina não é assim. Penso que ela goste de mudanças muito menos do que parece gostar. Acontece que para ela, isso não é um simples gesto, mas uma necessidade da alma livre e aventureira que recebeu. Mas é importante que fique bem claro: também não é em busca de aventuras que permite em sua vida essa constante transformação, mas única e simplesmente por amor.

Sim, por amor. Por amor a Menina é capaz de transformar seus pensamentos rebelados em mensageiros de esperança e os seus gestos grosseiros em promotores da paz. Por amor ela olha para as injustiças do mundo com misericórdia e para a dor das pessoas com compaixão.

A Menina quer doar ao mundo uma realidade que pode transformá-lo, quer mostrar às pessoas que elas também são capazes de contribuir doando o melhor de si mesmas e imprimindo em cada gesto a mais nobre das motivações: o Amor.

O primeiro passo é entender que para transformar o mundo precisamos mudar a nós mesmos.

A menina acredita nessa causa e não está só: vive com suas companheiras para que isso aconteça.

E você, qual a motivação da sua vida?



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Presença



(Foto de Cris Diletta)

Outro dia a Menina caminhava por entre árvores, nascentes e folhas secas, contemplando a beleza da vida. Foi quando percebeu que não estava só: o Amado por todo o tempo a acompanhava.

E quanto mais se embrenhava nas matas e se perdia nas belezas do caminho, mais se enamorava daquela beleza viva e oculta que a segue.

Nós sabemos que quando o Amor nos segue, mesmo que o faça ocultamente e com todo o cuidado, sempre irá deixar os seus sinais, para que a gente não se iluda com falsos amores e nem se isole na solidão.

E é uma dança de amor interessante, onde de repente os papéis mudam e o amor não quer mais ser seguido, mas seguir com avidez as pegadas do Amado. Foi exatamente o que aconteceu com a Menina e suas companheiras, acreditem.

Em cada folha separada dos galhos e em cada galho que desprendeu de suas árvores; nas pedras que estão distantes do rio e nas águas que secam ao chão; nas pétalas que voam longe de suas flores e nos animais perdidos em busca de alimentos; nos vestígios da vida em decomposição... era possível seguir as pistas do Amado e sentir sua presença. Uma forte experiência para a Menina.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Férias




(Foto de Cris Diletta)

A Menina nunca mais saberá o significado de solidão, mesmo que em certos momentos se encontre só, porque agora é parte de um corpo misterioso e místico: é fragmento de humanidade no corpo-mundo. Nele é possível conectar cada homem dessa terra, ali foi pensado um espaço para cada um, para que possam se encontrar e se tornar uma coisa só.

Talvez seja difícil entender esse conceito, e na verdade aqui os conceitos não importam. Importa saber que ela faz parte de um corpo.

Um corpo que repousa por entre dias de sol e mar, brisa e calor e forte tempestade de areia. Que ora se aventura no mar, ora se aventura à beira-mar, uma vez por entre as pedras e outra vez percorrendo as matas, em busca de um topo seguro no qual possa contemplar a beleza da vida.

Digamos que a Menina é única nesse corpo que se aventura, e que não é composto somente por ela, mas por outras companheiras e muitos companheiros pelo mundo.

E nesse caso é importante dizer que não se trata apenas de um corpo aventureiro em férias, mas de um corpo viajante e peregrino, a percorrer uma viagem esplêndida – viagem humanizante e mística, forte, única e santa.

Saiba que em viagens assim a gente embarca e não quer mais voltar. Faz um percurso em que nada mais surpreende, porque ali se celebra com a vida o contínuo milagre, onde tudo é possível e os significados são absolutamente novos.

Também não posso dizer que nesse caso não seja necessário o esforço, senão estaria contando uma fábula, e aqui trago a realidade. Sim: forte, viva, latente, única, sobrenatural, mas, principalmente, real.

Ali a Menina descobriu que a beleza da vida é construída com esforços. Pequenos, grandes, mas sempre esforços. Muitos nomes, muitos meios, mas uma única e infalível fórmula: o Amor. (Parece ingênuo, mas posso garantir que é a verdade. Porque quando a gente ama, você vai notar, quando a gente ama, a gente... esquece, suporta, simplifica, perde, luta, espera, acolhe, conforta, doa-se. E tudo se resolve.)

Talvez cada homem precise encontrar seu lugar no corpo-mundo para descobrir o sentido mais belo da vida e compreendê-la profundamente. Aí, será como redescobrir a beleza do feio, a plenitude do vazio, a voz do silêncio, a sabedoria do novo e a juventude do antigo, para compor uma nova sinfonia.

E assim, imerso no esforço de tornar concreto todo o Amor que conhece, o Corpo-Mundo, feito da Menina com suas companheiras, se aventura cada vez mais luminoso, pleno e feliz, por entre férias de sol e mar, brisa e calor, e uma bela tempestade de areia.
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