Chegou o Natal e com ele novas esperanças para a menina. Ela sabe que é o tempo de chegada e encontro, marcados de luz e graça.
Natal é encontro aconchegante, pacífico, familiar. Como é gostoso viver esse momento em família! Não importam os defeitos, os erros, os buracos que possam existir... o espírito natalino convida sempre a esquecer tudo para desfrutar do amor, convida a acolher a família que temos, mesmo quando ela não é exatamente como gostaríamos que fosse e a dar passos de encontro. Ainda que despercebida, a chegada do Deus-Menino nessa noite, faz com que a revolução de amor aconteça e transforme...
E só de olhar o presépio, a menina sente no ar o aroma da pureza... Um arrepio sutil lhe percorre a espinha e leva à memória a feliz noticia de que aquele cheirinho um dia exalou de sua fragilidade. Fragilidade que o tempo desfaz... O problema é que o tempo passa e vai mudando a gente. E como muda! Perdemos o frescor infante, a doçura, deixamos adormecer a criança interior...
Você já percebeu que nas crianças a ação do tempo é benéfica? O tempo as deixa mais belas, mais sábias, mais ativas. Ele as diverte, não lhes causa pesares nem medo e traz sempre um gostinho bom. Mostra apenas a face do presente, deixando que o passado e o futuro restem desconhecidos. Por isso que as crianças só se lembram de coisas boas e só se preocupam em desejar alegrias... para elas, isso é o que basta. E basta mesmo! Agora os adultos não. Quando começam a se achar maduros demais, permitem que o tempo lhes pese os ombros com as mais cruéis e traumáticas lembranças, com a tensão das expectativas e o peso das culpas. Centram-se no passado para viver o futuro, apoiados na arrogante “voz da experiência”, e não se permitem saborear o presente com suas dores e alegrias. Deixam para chorar depois, quando estiverem a sós; para se divertirem depois, quando não tiverem mais nada de importante a fazer; para perdoarem depois, quando o tempo tiver apagado as mágoas que insistentemente alimentaram dentro de si... e assim não se permitem ser felizes. Enquanto isso, a criança que caiu já chorou, ganhou colo, beijinho no machucado e voltou a brincar, sem se preocupar se irá sofrer outra queda. Não perdoou justamente porque sequer se lembra de ter sido empurrada, pois sua única preocupação é não voltar a cair no mesmo buraco. É feliz com tanta simplicidade, que nem percebe o quanto é feliz, apenas sente...
O Natal pede que a menina continue a ser menina e não se desapegue de sua infância. Que não permita que o tempo lhe pese os ombros nem lhe tire o medo e a ousadia, que não perca jamais a disposição de servir e amar – incrível como criança nunca tem preguiça pra isso! Para que não meça a generosidade dos seus atos, não se apegue aos sobrenomes nem se intimide com as regras dos adultos. Que ela se mantenha menina e permaneça doce e livre, sem vergonha de questionar os “por quês?”, de pedir colo, de esquecer as brigas e guardar na lembrança apenas o que foi bom. Para que, como uma boa criança, não desista de acreditar na vida e nas pessoas e não queira jamais ficar longe do Menino Jesus, porque aprende a ser criança com ele.
Chegou o Natal e veio mostrar que Jesus não se cansou de ser Menino, nem de recomeçar sua infância todos os anos... Chegou o Natal do Pequenino com aroma de pureza, pra despertar essa vida de criança no coração da menina.
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