Certos posicionamentos não permitem à menina concluir se o feminismo se preocupa verdadeiramente com a dignidade da mulher, em preservar sua feminilidade, sua autenticidade, em possibilitar que as mulheres possam lutar por seus direitos sendo elas mesmas, sem uniformizá-las... ou se está mais preocupado com a guerra dos sexos, com a equiparação das mulheres, em simplesmente defender o direito de serem rotuladas – por elas mesmas – de "macho".
Há uma diferença essencial entre ser homem e ser mulher, negar isso é negar à própria identidade. Tratamento justo e igualdade nem sempre estão relacionados à uniformidade, isso fica claro quando vemos que a linguagem, o físico, a percepção femininas, por exemplo, são distintas das do homem.
A menina acredita na mulher, em seu potencial, em seu profissionalismo e igualmente em seu extinto materno e na luta por seus direitos, tantas vezes colocados em segundo plano pela sociedade. Percebe, no entanto, que falta ainda bom-senso nessa luta. Será que as mulheres não podem lutar por seus direitos sendo elas mesmas, sem guerra de sexos, sem supervalorização e sem rótulos? A busca pela valorização significa necessariamente a rejeição de sua feminilidade, de sua personalidade, de suas condições físicas, de suas características psicológicas e afetivas, de sua essência?
Infelizmente, não se lembra de ter visto alguma reivindicação atual de representantes do movimento feminista que parecesse razoável, justa, sábia, fruto do bom-senso... São sempre idéias polêmicas, tendenciosas, argumentos que revelam maior preocupação com a equiparação dos sexos do que com a valorização da mulher propriamente dita. Deixam de lado a identidade, ou a diversidade feminina, em prol dessa supervalorização, o que também não parece justo. O feminismo acaba por tomar ares de desequilibrado e doído... É complicado afirmar isso, a menina não quer generalizar. Mas é o sentimento que vem a tona com relação a essas feministas que ficam atravancando o caminho de tantas outras, principalmente das feministas autênticas e de bom-senso.
É complicado também pensar que em prol da luta feminista, a proposta de ampliar a licença maternidade deve ser restringida pelo simples fato de impor maior “obrigação de cuidado materno às mulheres, que aos homens” ou de “retardar a atuação das creches no ambiente de trabalho”, já que essa proposta “nada tem a ver com conquistas femininas ou parentais, mas antes quer assegurar o direito/saúde da criança, ao possibilitar o aleitamento materno até os seis meses, considerado ideal pela medicina”.
De fato, há ainda a necessidade de estender a licença parental, afim de que a obrigação de zelar pela criança não sobrecaia somente na mulher, e principalmente para que a criança também se beneficie do convívio paterno, tão necessário à sua formação. Por falar em formação, resta lembrar que não é saudável que nos primeiros meses de vida a criança seja privada do convívio familiar, sendo recomendada a creche, pelos especialistas, apenas em último caso.
E depois, o resguardo pela saúde da criança, associado ao cuidado para com a mulher, em nada atrapalha a luta por maior valorização de sua dignidade, de seus direitos. Não impede a luta pelos direitos das mulheres que seguem desprotegidas socialmente, sem acesso a nenhum direito trabalhista e previdenciário, pela ampliação das creches, pela boa administração dos recursos fiscais, pelo acesso universal das mulheres aos equipamentos públicos, garantindo a partilha e o enfrentamento da sobrecarga das mulheres com o trabalho doméstico e tantas outras necessidades...
O fato é que a maternidade é essencialmente feminina, somente a mulher pode assumir e seu extinto materno prescinde à supervalorização do sexo, por se tratar de algo natural, livre excessos. A responsabilidade, e consequentemente, a paternidade, esta sim deve ser assumida, pelos homens e pelo Estado. Livremente, sem opressões e sem lesar ou suprimir os direitos da criança.
A grande questão é que para defender seus direitos a mulher não precisa negar sua feminilidade, tampouco criar rótulos de mulherzinhas (fúteis, escravas da supervalorização, egoístas) ou suprimir direitos de crianças, idosos e qualquer outra categoria em detrimento dos seus. Porque feminismo saudável é aquele que tende ao equilíbrio, que não precisa tomar ares de retrocesso. É essa luta que a sociedade precisa conhecer: que não oprime nem se impõe a qualquer custo. Do contrário, será uma luta dispensável.
Por fim, fica claro que a menina e tantas outras mulheres precisam conhecer e se sentirem realmente representadas pelo movimento feminista atual, para que não lhes pareça vão. Para que valha a pena acreditar nessa luta que já rendeu tantos frutos não só à mulher, mas a toda a sociedade...
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