(Foto de Rubens Pessoa)
Enquanto os meios de comunicação expõem fatos, exploram a dor e amplificam a indignação da gente, a Menina se recolhe para acolher a tragédia na escola carioca. A inocência foi atropelada por uma brutalidade que não pôde ser contida, a paz foi sufocada pela violência insana e doentia que assola os homens. As cores da vida se embaraçaram em trevas.
No silêncio, ela conseguiu reconhecer o semblante d’Ele: o Homem-nada, que outra vez perdeu a vida, agora naquelas crianças. Coração apertado, lágrimas derramadas e um sentimento que as palavras não conseguem consolar. Absurdo tremendo, dor que nenhuma teoria social, psicológica, jurídica ou jornalística podem compreender.
Mas a Menina sabe que a escuridão abriga um mistério muito mais profundo. Há um grito, um apelo, um clamor de abandono à procura de resposta. O Amor reclama ser amado, como recordou o santo de Assis. Há um Deus que precisamos descobrir em meio à dor e ao sofrimento, um Deus a ser consolado, amado e dignificado no semblante de cada homem.
Revolta, ódio, medo, vingança, tristeza... podem ser nobres, mas são incapazes de devolver sentido aos acontecimentos de ontem, por isso não servem para a Menina. Para abraçar o luto, ela tem uma modesta sugestão: escolha o amor.
Quando a confusão de sentimentos roubar os seus sentidos e a dor latente se mostrar indomável, trate-a com o amor. Lance o olhar para além dos infortúnios, permita que a bondade conviva com suas maiores dificuldades, transforme a dura experiência em amor puro, heróico e novo. E se não conseguir, recomece. Desafie-se outra vez e vá sempre em frente.
Foi o que fez Francisco de Assis quando ousou tratar a todos como irmãos e Chiara Luce, quando decidiu distribuir sorrisos ao invés de lágrimas, nos seus últimos dias de vida. O amor foi a escolha de Ghandi, ao liderar uma revolução sem armas; de Martin Luther King, ao lutar pelo fim da discriminação racial; de Madre Teresa de Calcutá, Zilda Arns e de tantos outros.
Mas o que você quer saber é: como por fim na violência e confortar as famílias cariocas?
Amando. Permitindo que o amor experimente suas inúmeras vestes. (Amamos quando olhamos nos olhos e damos a atenção que esperam de nós, quando abrimos mão de alguma vontade – geralmente egoísta – para fazer o bem aos outros, quando tratamos o gari, o comerciante e o gerente do banco com o mesmo respeito que desejamos ser tratados, amamos quando sorrimos e quando desejamos um bom dia no elevador.)
Podemos alimentar a revolta ou encarar o desafio de responder às dores que a vida apresenta dedicando amor aos que passam ao nosso lado.
A Menina descobriu que o amor é a única luz que pode dissipar as trevas da humanidade. É o bálsamo que sana as dores e devolve a dignidade perdida, é a resposta àquele grito de abandono e é também o silêncio que nos leva ao encontro de Deus. Com ele é possível limpar o sangue derramado, anular os fracassos, combater a violência, o medo e toda espécie de mal. Concretamente, através de escolhas cotidianas.
E você, como quer abraçar o luto?
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Um comentário:
Oi Cristiane
Gostei do seu texto.Vc sabe o
e-mail da editora cidade nova?É
que tentei falar com eles e não
teve como.Abç pra ti.
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