Certa vez, a menina recebeu a noticia de que a pessoa a quem mais amava podia estar com uma grave doença e deveria ser internada para que fossem feitos os exames necessários ao diagnóstico. Tremendo susto, nem teve tempo de se entristecer. O que ela sentiu foi medo; muito medo e a pontada de dor que a situação lhe propôs.
De todas as coisas horríveis que essa menina já viveu – ela mesma já chegou a duvidar de suas experiências – nunca em sua vida sentiu tão forte o chão se abrir, nem mesmo nas tantas vezes que viu a própria vida
Aquele amor, certamente, foi a única segurança terrena que Deus lhe permitiu ter... Á medida que a vida o fragilizava, permitia também à menina iniciar, como Ideal de Chiara, seus passos de independência... Mas ela não se sente pronta ainda, talvez por isso o medo a consuma.
É o momento de outra chegada dele, Ele que hoje se chama “Medo”. Pode ser que ainda se encontrem muitas e muitas vezes neste período, que Ele traga consigo os mais inusitados nomes, que bata logo pela manhã novamente. E, no entanto, para a menina o amanhã não deve ter importância, já que ela não o possui em suas mãos. Haja o que houver, aprendeu de Chiara que deve oferecer sempre a melhor de suas acolhidas, mesmo se só tiver consigo misérias... Talvez, não com essas exatas palavras, Chiara deve ter lhe alertado que é justamente no momento mais duro que Ele virá para provar do seu amor...
Você já percebeu que é sempre assim? Quando guardamos nossos dons, a fim de oferecer-lhe, ele sempre demora. E quando resolve vir, só temos misérias, limitações, fraquezas... acaba sendo um encontro duro, não é mesmo?
Mas costumamos deixar de abrir a porta a uma visita querida, só porque não fizemos aquela faxina na casa, ou porque não estamos em trajes de festa?? Conseguimos negar amor Àquele que vem, imerso no abandono?? Não, é impossível...
A menina, certa vez, quis fazer desse encontro o Ideal de sua vida... Agora ela O abraça, olha no profundo do seu nada - que reflete o vazio que ela mesma traz na alma - e lhe diz com carinho:
- Bem-vindo, você que hoje veio me visitar. Bem-vindo, você que agora eu chamo “Medo”.
E assim, ela viveu a aventura de mais um encontro.
Um comentário:
Lindo texto, meu amor!!! Estou com você! Sempre!
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