quarta-feira, 21 de abril de 2010

E nessa dinâmica amadurecemos



À medida em que a Menina lia aquelas páginas vestidas de esperança, sentia a expectativa transformar-se em entusiasmo e o sentimento em alegria. Porque é certo que onde há esperança a alegria tem entrada garantida.

Aquelas palavras lhe diziam dos caminhos, dos medos e da beleza que pode surgir na ação de cada homem. A certa altura apontou a educação em sua capacidade de “revelar a beleza do próprio homem” e “retirar as vendas que cegam e enfeiam o caminhante”. Sábios dizeres de Gabriel Chalita, exímio educador. Não apenas dizeres, mas autêntico convite, um passaporte para a reflexão...

Quisera, a menina, ser professora um dia. Quem sabe ainda não realize esse feito... Mas me atrevo a revelar que ela, como boa menina que é, já foi adepta de inúmeros desejos. Lembro-me de quando casou seu sonho em lecionar com a paixão pela filosofia. Trazia nos olhos o desejo de conhecer os mistérios da vida, de interpretá-los, de colocar o mundo contra a parede. “Se Deus existe e nos ama, por que tanto sofrimento no mundo?” Pretendia descobrir.

Os dias se passaram, e com eles, muitas experiências vividas. Seu “por que?” se esvaziara de sentido, como se pretendesse colocar toda a água do mar num buraquinho cavado na areia da praia – apesar de já terem alertado quanto a isso... Nunca conseguiremos compreender todos os mistérios da vida e, tampouco, veremos os nossos questionamentos se esgotarem, não é mesmo?

Peraí! Então seria inútil a Filosofia?Que sabedoria é essa que deve buscar? Existirá uma Sabedoria que supera todas as outras?

Perguntas que silenciaram o desejo da Menina de educar e conhecer, de lecionar e entender... sonho um dia sepultado em decepção: decepção ao ver empregarem toda a paixão pelo conhecimento no árduo mergulho por entre as misérias humanas... Dia após dia, porquê após porquê, afogados em misérias, aprofundados na “desumanindade humana”, embriagados de fel.

Eis a oportunidade de encontrá-Lo!

Ler a poesia da esperança, vestida em prosas simples e profunda nas páginas daquele livro significou acordar o sonho antigo da Menina, vestido de novidade...

Eureca! Chegou para ela a resposta, numa mistura atraente e animadora... outro caminho a ser explorado, para além da riqueza e diversidade da alma humana.

O Amor.

Sabe, a Menina tem inúmeras convicções e acredita, sobretudo, que são autênticas, pois fruto de questionamentos e experiências vividas.

Acredita que não existem respostas prontas, nem razões absolutas, mas que é possível encontrar a Verdade (sim, ela acredita que existe uma Verdade) e deixar-se guiar por ela. Talvez não seja possível abraçá-la de uma só vez... talvez ela precise ser seduzida, conquistada, atraída por nossas escolhas cotidianas, para que se revele aos poucos, ao longo da vida...

E nessa dinâmica amadurecemos.

.